Religião significa religar-se! Então, já lanço aqui uma pergunta: Por que não nos reconectamos em vez de atacarmos uns aos outros por conta de suposta "tradição"?
Eu deveria deixar essa pergunta no ar, mas não consigo, ela insiste em dominar minha cabeça e quando vejo já está dominando o meu ser.
Chego a ficar irritado, magoado a quase perder a fé na humanidade.
Não entendo a dificuldade de nos aceitarmos como somos.
Falamos muito de religião de resistência, sofrimento e luta. E lutamos praticamente em vão. Falamos muito em racismo e muito ainda se pratica. Parece que nada mudou.
Colocam no congá, como eu ainda colocava no meu, uma Yemọja branca, quando sua pele é preta. Preta? Negra? Qual o certo? Qual o errado? Quero aprender, quero mudar, quero evoluir. Sermos antirracistas é sinal de sabedoria e bom caráter.
Eu quero abraçar o novo e respeitar os mais velhos, preciso deles para ter base e eles precisam de mim pra conhecerem a novidade. O que importa a cor da pele ainda? Por que isso? Meu Deus! Onde vamos parar?
Onde está nossa conexão? Devemos nos religar, nos conectar, nos abraçar com a alma. Sendo diferentes, iguais, semelhantes. Afinal é tudo ser humano.
Pedem respeito pelo amém, pedem respeito pelo àṣẹ e ambas as doutrinas religiosas não entenderam que só há um Deus e que Ele criou as divindades e tudo o que há no universo.
Pedem respeito à tradição, pedem que não alterem nada, mas esqueceram que pra evoluir é preciso alterar, modificar, seguir em frente e melhorar. Sabe o que mais me incomoda dentro do culto de Òrìṣà? Devotos, iniciados e sacerdotes preferem o ẹbọ de oferendas físicas do que o ẹbọ de boas ações.
Preferem o Bọrí (ritual de oferendar à cabeça) cheio de comidas do que encherem as cabeças de bons conselhos e bons valores.
Esqueceram do foco da religião. Esqueceram de se religarem ao sagrado e não o destruírem. Esqueceram do Deus Supremo e de suas criaturas, nossos irmãos.
O dábọ̀ àti mo dúpẹ́ ẹ!
(Até logo e agradeço!)