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Para termos o àṣẹ de Ògún devemos manter os caminhos limpos

Atualizado: 17 de fev. de 2022


Cuidado com o que se pede!

É comum o desejo por prosperidade, porém, como se deve solicitar ao Òrìṣà o que realmente anseia? Existem caminhos ruins que o ser humano pode percorrer em sua jornada na Terra, afinal a estrada que te leva para prisão é o da desonestidade, ira, vingança e uma porção de outros, entretanto, não deixa de ser um caminho. Logo, o segredo é saber a forma correta de pedir determinada coisa.

Devemos pedir a Ògún abertura de trilhas positivas, da prosperidade e boa saúde. Na maioria das casas(ilé) brasileiras, na terça-feira se cultua o Òrìṣà Ògún: Senhor da guerra, tecnologia, dos caminhos, da execução da lei, coragem, persistência, do ferro e vitória. É um Òrìṣà desbravador, veio ao mundo na frente para abrir caminho aos demais encantados.


Conta a lenda que Ògún dizia que da terra iria fazer dinheiro. Ninguém acreditou. Os anos foram passando e o viram cavando e cavando. Todos o questionavam onde estava o dinheiro, mas Ògún dizia repetidamente que iria fazer da terra, dinheiro. Certa vez ele cavou tão fundo que achou uma areia preta, colocou-a pra esquentar e viu que dali saiu um líquido estranho. Logo, percebeu que ao resfriar esse material ele se tornava sólido, forte e assim colocou sua criatividade em prática: forjou diversas armas e instrumentos de agricultura com seu ferro que acabara de achar. Viu que dali conseguiria sustento ao mundo e muito dinheiro. Ògún acredita no progresso e sabia que não haveria evolução no mundo se junto não usasse a generosidade.

Não tendo portas e nem janelas em sua casa, Ògún deixou diversos materiais em sua mesa, além de instrumentos de trabalho e seguiu caminho rumo a mata, para que as pessoas ali pudessem entrar sem ter medo e pegar os instrumentos e com eles trabalharem e fazerem dinheiro. Foi assim que Ògún então transformou terra em dinheiro.

Devemos ter a mesma cabeça de Ògún, entender que o esforço junto a generosidade atrai a prosperidade!!!

Se hoje temos prédios, construções, tecnologia é porque Ògún achou o ferro. Se temos plantio e colheita é porque Ògún ensinou o homem a usar seus instrumentos, e, inclusive, ele é o patrono da agricultura. É importante aprender toda filosofia deste Òrìṣà, não somente conhecer seus bons feitos, mas entender que Ògún é justo e poderoso. Não aceita sujeira nos caminhos, portanto, cultuar Ògún é saber manter o caminho limpo: não se pede caminho de prosperidade para ele se a atitude do devoto ou iniciado for jogar lixo por onde passar. Uma bituca de cigarro que seja ao solo é um desrespeito aos caminhos e a este Òrìṣà, posto que se trata de uma divindade coerente e que luta pelo bem alheio.

Atrairemos o àṣẹ de Ògún se formos coerentes e ajudarmos não somente a melhorarmos nossas ações, sem sujarmos nosso próprio planeta, mas também se limparmos o caminho de nosso próximo!

Acrescenta-se, neste ensinamento, a necessidade de ampliarmos nossa visão além das lendas (ìtàn). A melhor oferenda para este Òrìṣà não é o inhame assado, o feijão preto torrado, dentre outros alimentos, mas sim o nosso respeito com as leis e a vida do próximo. Não teremos o àṣẹ positivo de Ògún se formos desonestos, principalmente no Brasil.

Ògún não gosta do famoso “jeitinho brasileiro”, é o Òrìṣà do bom caráter e da perseverança, odeia preguiça e não ajuda aqueles que são egoístas. Ele vence pela persistência ou pela inteligência, e prospera a vida daquele que trabalha.

Seus filhos não são briguentos, não entram em conflitos por gostarem, pelo contrário, os evitam ao máximo, pois sabem que nunca sairão perdendo, mas em toda a briga cabeças rolam. Para Ògún as mais importantes vitórias vêm exatamente quando não entramos em uma guerra. Seus filhos possuem personalidade generosa, são extremamente pacientes, persistentes e amam as leis. Estão sempre de prontidão a servir as pessoas e ensinar elas a terem progresso. Não suportam a ideia da desonestidade e mau-caratismo.

Muito se disse em solo brasileiro que seus filhos são “de cara fechada”, essa expressão não é uma versão positiva de um verdadeiro filho de Ògún. Desconheço verdadeiros filhos deste Òrìṣà que não demonstrem o amor ao próximo e pela vida em sua feição, e tal afirmação posso fazer já que sou casado há mais de 15 anos com um filho de Ògún, o Bàbá Luis Fernando.

Além, fui feito por um filho de Ògún e criado por outro Bàbá de Ògún. Todos eles levam como marca registrada em sua face a alegria, e em seu coração a benevolência: lutam por uma vida melhor, pela humanidade e suas maiores armas são o sorriso e a fé.

Saúdo aos filhos de Ògún!

Ògún yè (Ògún vive, Ògún está vivo)!

Saúdo a Ògún, Chefe dos caçadores (Olórí Ọdẹ)!

Saúdo seu irmão/filho, Ọ̀ṣọ́ọ̀sì. O caçador de uma flecha só.

Saúdo seu parceiro inseparável Èṣù, na qual divide o domínio dos caminhos com Ògún.

E desejo que Ògún abra seus caminhos da prosperidade e lhe traga oportunidades de trabalhos bem remunerados!

Ògún yè, mo yè! Ògún vive, eu vivo!


O dábọ̀ àti mo dúpẹ́ ẹ!

(Até logo e agradeço!)


Por Bàbá Jonathan T´Ọ̀ṣun

Edição: Cristiane A.O.M. Camps

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