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A cadeira do Bàbá

Atualizado: 16 de fev. de 2022


Alguns filhos de santo como chamamos na religião, ou então ọmọ Òrìṣà (filho de Òrìṣà), acham que a cadeira do Bàbá é apenas um assento como qualquer outro.

Acham que é para mostrar uma realeza divina, ou um poder espiritual maior do que os visitantes do Ilé ou dos próprios filhos. Talvez seja, talvez não.

Eu posso afirmar aquilo que sinto, aprendi e vejo. A cadeira do Bàbá, nem a ele pertence. E sim, ao Òrìṣà dele. Onde ele cansado de trabalhar, muitas vezes para os ingratos, se recolhe no colo de seu Òrìṣà para ser um instrumento e para recarregar suas energias.

Quando eu (Bàbá) estou cansado de ver e ouvir erros dos filhos, me recolho no colo de Ọ̀ṣun, me sinto abraçado e recarregado. Por mais também que eu me sinta um covarde recorrendo à mamãe dos afazeres que O Papai me designou a cumprir.

Demorou muito para eu ter este direito, demorou muito até para eu comprar essa cadeira, pois não ganhei de ninguém, nem daqueles que com conselhos e trabalhos do bem eu reergui a vida financeira.

Demorou muito para eu poder estar ali, vi de tudo antes de poder me recolher no colo de Ọ̀ṣun, Ìyá mi (Minha mãe). Vi da vida no Àṣẹ o que filho ou devoto apenas acha ser coincidência ou loucura.

Eu daria meu lugar para um(a)filho(a) se sentar, mesmo que a regra seja clara: “Ali, só o zelador de Òrìṣà”, apenas para ele/ela ver o quão é difícil arriar as pernas e o corpo e se entregar ao colo de seu Òrìṣà. Pra mim é quase que um grito de SOCORRO!

E mesmo assim eu sou muito grato, pois nada como um colinho de mãe. Nada como poder voltar a ser filho. Naquela cadeira, pro meu Òrìṣà eu sou um bebê e pros filhos sou um zelador, pai, Bàbálórìṣà. Não respeitem meus cabelos brancos, pois não os possuo, mas respeitem a senhora que eu me recolho quando estou cansado de lutar por você!

Oore yèyé Ọ̀ṣun (Benevolente mamãe Ọ̀ṣun)

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